terça-feira, 11 de novembro de 2014

CONTO DE NATAL

CONTO DE NATAL



 
 
A noite é quase gelada...
Contudo, Mariazinha                                          
É uma menina de outras noites
Que treme, tosse e caminha...
 
 
                                                        
Guizos longe, guizos perto...
É Natal de paz e amor.
Há muitas vozes cantando:
"Louvado seja o Senhor!"

 
A rua  aparece   nova
Qual jardim que floresceu.
Cada vitrine enfeitada
Repete:"Jesus nasceu!"

Descalça, vestido roto,
Mariazinha lá vai...
Sozinha, sem mãe que a beije,
Menina triste, sem pai.

Aqui e ali, pede um pão...
Está faminta e doente.
_"Vadia, saia depressa!"
É o grito de muita gente.

_"Menina ladra!" outros dizem.
_"Fuja daqui, pata feia!
Toda criança perdida
Deve dormir da cadeia."

Mariazinha tem fome
E chora, sentindo em torno.
O vento que traz o aroma
Do pão aquecido ao forno.

Abatida, fatigada,
Depois de percurso enorme,
Estira-se na calçada...
Tenta o sono mais não dorme.

Nisso, um moço calmo e belo
Surge e fala, doce e brando:
_Mariazinha, você
Está dormindo ou pensando?

A pequenina responde,
Erguendo os bracinhos nus,
_Hoje é dia de Natal.
Estou pensando em Jesus.

_Não recorda mais alguém?
E ela, a chorar, disse: _Eu
Penso também com saudade,
Em minha mãe que morreu...

_Se Jesus aparecesse,
Que é que você queria?
_Queria que ele me desse
Um bolo de padaria...

Depois de comer, então
_E a pobre sorriu contente
Queria um par de sapatos
E uma blusa grande e quente...

Depois...queria uma casa,
Assim como todos tem...
Depois de tudo...eu queria
Uma boneca também...

_Pois saiba Mariazinha,
Eu lhe digo que assim seja!
Você hoje terá tudo
Aquilo que mais deseja.

_Mas o senhor quem é mesmo?
E ele afirma, olhos em luz:
_Sou seu amigo de sempre,
Minha filha, eu sou Jesus!...

Mariazinha, encantada,
Tonta de imensa alegria,
Pôs a cabeça cansada
Nos braços que ele estendia...
 
 
 
E dormiu, vendo-se outra,
Em santo deslumbramento,
Aconchegada a Jesus
Na glória do firmamento.
 
 
 
No outro dia, muito cedo,
Quando o lojista abre a porta,
Um corpo caiu de leve...
A menina estava morta.
 Psicografia de : Francisco C. Xavier
 

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